Radical, mas nem tanto!
Você é uma pessoa que curte aventuras e esportes em contato com a natureza, não é? Mas nem por isso vai dar moleza correndo riscos desnecessários. No voo duplo de parapente ou asa delta, para estar seguro é preciso seguir algumas recomendações. O voo livre é um esporte radical, portanto nunca se está livre do risco de acidentes.
Fator humano
A falha humana é a causa raiz da maioria dos acidentes, geralmente caracterizada por: imperícia, imprudência ou negligência.
A Pirâmide de Desvios (ou pirâmide de acidentes) mostra uma proporção observada na vida real: quanto maior a quantidade de desvios, maior será a quantidade de acidentes. Ao eliminar ou reduzir os desvios (provocados por falha humana) buscamos reduzir a probabilidade de acidente para algo próximo de zero.
Pirâmide de Desvios

Quem está no comando do voo duplo é o piloto. Entretanto, o passageiro deve assumir a responsabilidade pelo que aconteça consigo, já que antes do voo normalmente deve assinar um termo assumindo este risco. Por isto, é importante saber um pouco mais sobre a segurança em voo livre, pois não queremos simplesmente contar com a sorte, não é?
Riscos
Em diversos momentos de nossa vida não estamos livres de acidentes. Em casa ou na rua, no trabalho ou nas folgas, sempre estamos convivendo com o perigo. Aí vão alguns exemplos:
No Carro
Ao transitar de carro, estamos sujeitos a acidentes, seja por falha nossa ou de outras pessoas!
Fatores que aumentam o risco: chuva, estradas ruins, álcool, excesso de velocidade, manutenção falha.
Em casa
Em casa temos o perigo de incêndio, principalmente na cozinha. O óleo presente na comida pode iniciar um incêndio. Vazamento de gás pode causar uma explosão com um simples acionamento do interruptor.
No trabalho
No trabalho, especialmente em fábricas em indústrias, os colaboradores estão expostos a riscos durante a execução de atividades. Uma martelada no dedo, prensamento de dedos em máquinas ou cargas, choques elétricos, queimaduras, quedas etc.
Mitigar o risco
Devemos eliminar os DESVIOS de comportamento e de procedimentos, que são a base da pirâmide. Estes são exemplos de medidas MITIGADORAS que tomamos no dia a dia.
No Carro
Direção defensiva, atenção, estar bem descansado e respeito às normas de trânsito são medidas que evitariam a maioria dos acidentes.
Em casa
Não deixar panela ao fogo sem vigilância, realizar manutenção da mangueira de gás conforme indicado pelo fabricante.
No trabalho
Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho (NRs) são obrigatórias no Brasil e objetivam reduzir o risco de acidentes e melhorar as condições do trabalhador.
Definem PROCEDIMENTOS que devem ser seguidos para reduzir o risco. Utiliza-se um formulário (Permissão de Trabalho) onde se planeja a atividade e se tomam medidas para redução da exposição ao risco.
TREINAMENTOS são exigidos para todos os envolvidos nas atividades. Além disto, são feitos diálogos diários de segurança (DDS), onde se discutem os riscos comuns das atividades e acidentes ou incidentes que tenham ocorrido para evitar reincidência.
No voo livre
Fale com pilotos experientes
Se tiver algum amigo piloto, informe-se com ele sobre recomendações de piloto de duplo, levando-se em conta a experiência e atitude segura. Se não conhecer, visite a rampa e converse com os pilotos locais. Escutar as recomendações de pilotos experientes é um bom começo. Em seguida, converse com o piloto de duplo e avalie se ele é capaz de te transmitir segurança.
Conheça o piloto
Você precisa conhecer o piloto que te levará para as nuvens. Ele é quem irá realizar os devidos PROCEDIMENTOS, bem como te orientar na decolagem, no voo e no pouso. Tire todas as suas dúvidas com ele.
Ele deve ser um profissional habilitado pela CBVL (Confederação Brasileira de Voo Livre) ou ABP* (Associação Brasileira de Parapente) com homologação para VOO DUPLO. É possível ver na carteira do piloto se ele possui esta homologação. Se quiser saber mais sobre os procedimentos de habilitação e nivelamento de pilotos, visite o site da CBVL ou ABP*.
*Nota: conforme parecer da CBVL, ela é a única entidade com competência para nivelar e habilitar pilotos de voo livre no Brasil.
O seguro morreu de velho
Definido quem será o piloto de duplo, todas os procedimentos e decisões ficam na mão dele. Mas antes de decidir por decolar, o passageiro mesmo leigo pode observar alguns fatores, especialmente quanto à condição meteorológica.
São exemplos de condições INSEGURAS para o voo de parapente
Vento forte
Se houver rajadas acima de 30 km/h aumenta-se consideravelmente a dificuldade para realizar uma boa decolagem. Para se ter uma ideia, se o vento está balançando galhos das árvores, não decole!
Vento lateral ou de "cauda"
O vento lateral é difícil de ser avaliado por um leigo. Já o vento de cauda pode ser facilmente percebido - é o vento contrário ao vento de frente. O correto é decolar na direção contrária ao vento. Se o vento for de calda, não decole!
Risco de chuva
Em épocas de chuva não é recomendável praticar o voo. O equipamento, se molhado, pode perder sua aerodinâmica. Um temporal apresenta um risco enorme de acidente gravíssimo, até fatal. Se estiver chovendo ou se for possível ver nuvens cumulonimbus da rampa, não decole!
Cb (nuvem Cumulunimbus) em Sapiranga - RS
Bom voo!
Observados todos estes cuidados, estando nas mãos de um bom piloto, basta relaxar e curtir o voo! Os equipamentos de voo livre evoluíram muito nos últimos 10 anos, atingindo um nível de segurança altíssimo. São projetados por computador, arduamente testados e certificados por norma europeia EN quanto ao comportamento em diversas situações.
Assista aos vídeos nesta página e comece a ser contagiado pela vontade de estar perto das nuvens e dos pássaros!